Reforma da Previdência: vitória dos trabalhadores expõe racha da base aliada do governo

A intensa e contínua pressão realizada por diversas entidades dos movimentos sindical e social gerou uma onda de mobilizações que ocupou as ruas, as mídias e diversos espaços importantíssimos contra a Reforma da Previdência, tendo como resultado o adiamento oficial da votação da PEC 287/16 para 2018. Nesta quinta-feira (14/12), o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), anunciou que a proposta de reforma da Previdência voltará a ser discutida apenas em fevereiro do próximo ano.

Isso expõe publicamente não só a derrota do governo – que demonstrou total incapacidade de angariar os votos necessários para aprovar a PEC 287 no Plenário da Câmara (308 votos no mínimo), mas a divisão da base aliada. Nos últimos dias, declarações explosivas e contraditórias trouxeram à tona o fato de que o governo não está unido como insiste em demonstrar os discursos do presidente Michel Temer.

O governo enfrenta resistências dentro da própria base aliada. No dia 12/12, depois de não conseguir realizar a sessão do Congresso Nacional, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (PMDB-CE), disse que “não vota a Previdência porra nenhuma”. No dia seguinte, logo após o líder da base aliada do governo, senador Romero Jucá, afirmar que o texto da Reforma da Previdência só seria votado em 2018, o Palácio do Planalto, por meio do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse que a votação aconteceria ainda esse ano. Segundo Meirelles, Jucá apenas “expressou sua opinião”.

Em prova de total submissão, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, que tenta ser o presidenciável do Planalto nas eleições de 2018, no mesmo dia, afirmou que colocaria a matéria em votação no dia de ontem (14/12).

Depois de ter a certeza de que o governo não teria os votos suficientes, mudou o tom: “O dia que eu der uma data, você pode ter certeza que é a data da vitória da reforma da Previdência”.

O governo não esconde sua frustração de não ter conseguido votar a PEC 287 neste ano. A verdade é que após tentar de todas as maneiras comprar os apoios necessários, o Palácio do Planalto jogou a toalha e saiu bastante chamuscado dessa batalha.

Vitória dos trabalhadores. Vitória de quem assumiu essa luta. Vitória de quem fez greve, participou de atos, enviou email para parlamentares, foi para o aeroporto segurar faixas e cartazes, protestou na quadra dos parlamentares, em frente aos Ministérios, ao prédio do INSS e no Congresso Nacional, espalhou peças contra a Reforma da Previdência nas redes sociais, enfim, de quem se dispôs a abraçar essa luta de alguma forma.

O Sindjus-DF, durante o ano de 2017, juntamente com outros sindicatos e demais entidades, teve protagonismo nesta campanha contra o desmonte da Previdência e em defesa dos direitos dos servidores públicos. O sindicato não poupou esforços para colocar suas campanhas nas ruas (outdoors, busdoors, totens da Rodoviária, TVs das lotéricas, grande mídia e redes sociais).

Além desse conjunto de ações publicitárias que tiveram como objetivos conscientizar a população, pressionar políticos e desmentir as mentiras do governo, dirigentes do sindicato fizeram articulações com autoridades dos Três Poderes para barrar essa ofensiva. Também irá ajuizar ação contra a tentativa do governo de elevar a alíquota da contribuição previdenciária do governo de 11% para 14% (MP 805/17). Isto é, o sindicato atua em todas as áreas possíveis para impedir prejuízos e retrocessos.

Ao final dos rounds de 2017, saímos vitoriosos e temos sim que comemorar, pois conseguimos preservar nossos direitos. No entanto, essa guerra não acabou. Precisamos, em 2018, continuar mobilizados e intensificar ainda mais nossa participação nessa luta. O Sindjus-DF seguirá na mesma linha, batendo forte no governo contra esses ataques, e sensibilizando servidores, trabalhadores em geral e a população a se unirem no coro “se votar não volta”, enfatizando que os parlamentares que votarem favoráveis à PEC 287 terão uma resposta nas urnas. Vamos apostar nesse racha da base aliada, que tende a crescer ainda mais em ano de eleições.

Portanto, podemos e devemos celebrar, mas cientes de que a luta ainda não acabou.

Vamos à luta, pois o momento é de mobilizar cada vez mais para sepultar de vez a PEC 287/2016.

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