Correio Braziliense: Campanha por blogs jurídicos

Nova geração de advogados mergulha na rede mundial de computadores e quer revolucionar a profissão.
Objetivo do movimento é estimular a criação de pelo menos 701 diários pessoais em seis meses

Aos 26 anos, Gustavo D’Andrea
faz parte de uma nova
geração de advogados que
ganha cada vez mais espaço
no sisudo e tradicional meio jurídico:
a dos conectados, aqueles
que são adeptos das mais variadas
ferramentas da internet. Com
apenas quatro anos de formado,
ele tem um ambicioso plano: estimular
a criação de 701 blogs jurídicos
em seis meses. No início de
março, lançou o desafio na rede
mundial de computadores. A intenção
é estimular a livre troca de
informações entre estudantes, advogados,
magistrados e juristas.
D’Andrea já contabiliza adesões.
Ao todo, 12 novos blogs sobre temas
jurídicos foram lançados desde
que o plano foi posto em prática
e outros oito estão em fase de
gestação. Atualmente, estima o
advogado, há apenas cerca de 100
blogs sobre direito no Brasil.

“Acho que vai dar”, diz, otimista.
Ele sabe, no entanto, que a resistência
a novas tecnologias ainda
persiste na rotina de boa parte
dos profissionais que atuam no
meio, especialmente os mais velhos.
“Quero promover uma inclusão
digital dos juristas. O direito
está mudando e os profissionais
têm que mudar também. Os
mais tradicionais não gostam
muito de mexer (na internet) por-
que são conhecidos e já fizeram
carreira mesmo antes da internet.
Mas essa resistência está acabando”,
afirma. Em seu blog, o Forên{
J+}, D’Andrea dá dicas para os
iniciantes colocarem a mão na
massa, muitas vezes de madrugada.
Mas ele não se importa. Já está
acostumado a virar noites em
frente à tela do computador.

Antes mesmo
da empreitada,
D’Andrea já havia
inovado: foi
ele o responsável
por criar a Forensepédia,
uma espécie
de enciclopédia
virtual
com verbetes jurídicos
definidos
pelos próprios
usuários, nos
moldes da famosa
Wikipédia.
Tanta inovação
pode causar estranheza
entre os
mais ortodoxos.
Mas o advogado
acha que a modernização
do direito é um caminho
sem volta. “Não dá para fazer
uma revolução, mas, aos poucos,
vamos trocando ideias, propondo
coisas inovadoras, até que a
coisa deslanche. Somente quando
as gerações de hoje assumirem
posições importantes é que
as coisas vão mudar. Da noite para
o dia não muda, isso é uma
coisa gradual”, afirma.

Alguns advogados, juristas e
magistrados já estão se adaptando
às mudanças impostas pela
modernidade. Em São Paulo, há
casos de desembargadores-blogueiros,
que utilizam a internet
para divulgar pautas de julgamentos
ou expressar opiniões,
como o desembargador José Renato
Nalini, da Câmara Ambiental
do Tribunal de Justiça de São
Paulo (TJ-SP). Em Brasília, o advogado
e jornalista Ricardo Maffeis
mantém o blog Direito na
Mídia, em que comenta reportagens
sobre temas jurídicos publicadas
por veículos de comunicação.
Ele aplaude a iniciativa do
colega. “Esse é um
caminho sem volta.
Por causa do
blog, já conheci
promotores, juízes,
troco informações
o tempo
todo”, conta Maffeis,
que também
distribui um boletim
semanal para
uma lista de
600 pessoas. O
advogado contabiliza
quase 10
mil acessos ao
blog em um ano.

Maffeis trabalha
com a ministra
do Superior Tribunal
de Justiça (STJ)
Nancy Andrighi. Além dela, apenas
outros cinco integrantes de
uma das mais altas Cortes de Justiça
do país mantêm sites individuais
na internet. Em sua página, a
ministra disponibiliza decisões tomadas
pelo STJ e mantém um espaço
para explicá-las aos internautas.
“Ela não fica conectada o
tempo todo, mas faz questão de
manter o site atualizado”, diz o advogado.
Um bom começo.

Fonte: Correio Braziliense

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