Correio Braziliense: Adiada decisão sobre a poupança

Em reunião com sindicalistas, Mantega disse que pequenos poupadores não serão prejudicados

A proposta da equipe econômica de reduzir as alíquotas de Imposto de Renda (IR) incidentes nas aplicações dos fundos de investimentos terá efeito limitado e apenas adia a discussão em torno da rentabilidade da caderneta de poupança. Com a queda das taxas de juros no país, a poupança passou a oferecer retorno superior a muitos fundos de investimentos. O temor do governo é de que a discrepância entre as aplicações provocasse uma migração dos grandes investidores dos fundos para a poupança.

Isso poderia acontecer porque os aplicadores em poupança têm rentabilidade de 6% ao ano mais TR (Taxa Referencial) garantida. Já os fundos acabam ficando menos atrativos, pois, além da taxa de administração, o aplicador precisa pagar Imposto de Renda, que varia entre 15% e 22,5%. Segundo o economista da consultoria Tendências, Juan Jensen, o problema da caderneta é a rentabilidade assegurada de 6% ao ano mais TR. “Não mexer nisso só posterga o problema. Quando o Brasil tiver juros entre 7% e 7,5% ao ano, a discussão voltará porque a poupança não pode dar um retorno de 6%”, afirmou o economista, alegando que o fato seria um estímulo para a invasão de grandes investidores na caderneta.

Apesar de também considerar a medida como paliativa, Marcelo D’Agosto, diretor do site Fortuna, especializado em fundos, disse que o governo poderia criar uma alíquota única para a tributação de IR dos fundos. “Isso abriria espaço para concorrência entre os bancos e, consequentemente, forçaria uma diminuição da taxa de administração cobrada”, comentou D’Agosto. Para ele, a proposta de redução do IR das aplicações em fundo de investimentos abre espaço adicional para cortes na taxa básica de juros do país (Selic), atualmente de 10,25% ao ano.

Ontem, em reunião com sindicalistas, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, reforçou que os pequenos poupadores não serão prejudicados pela mudança na remuneração da caderneta. Além disso, o ministro teria dito que seriam criadas dificuldades para a entrada de especuladores nessa modalidade de investimento. Mesmo sem antecipar detalhes da mudança aos representantes dos trabalhadores, o governo pretende tributar, a partir do próximo ano, as aplicações acima de R$ 50 mil feitas na caderneta. “O ministro garantiu que os poupadores não terão prejuízo. Serão criadas dificuldades para os especuladores”, contou o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

Fonte: Correio Braziliense

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