Lutar valeu!

Valeu. Valeu o esforço. Valeu a confiança. Valeu a esperança. Só quem viveu esse processo de forma inteira sabe o que passamos, sofremos e agüentamos em nome de um projeto, de um sonho, de uma categoria que faz acontecer.

Desde os inúmeros debates, reuniões, assembléias, emails, chats que movimentaram a construção do Plano de Cargos, Carreira e Remuneração em 2008, passando pelas batalhas dentro da Comissão Interdisciplinar, pelas discussões com diretores-gerais, chegando a uma greve que conciliou mobilização com tentativas de negociação, posso dizer que o trabalho foi árduo, desgastante, gratificante. Foram muitas críticas dirigidas ao posicionamento que adotamos, no entanto, o resultado mais uma vez comprovou que agimos de maneira correta. Quem sempre acreditou na gente, podem comemorar com gosto: Vencemos.

E não foi qualquer vitória. Superamos barreiras mil. Tivemos que engolir seco quando, depois de inúmeras tentativas, nosso projeto não foi encaminhado ao Congresso no dia 31 de agosto último, prazo limite da LDO. Por uma questão política, em nome do projeto da magistratura, tivemos de esperar. Mas não somos de desistir, tampouco de fraquejar ou aceitar rédeas. Somos uma categoria combativa, que unida sabe fazer a diferença. No dia 7 de outubro os presidentes finalmente aprovaram a proposta discutida ao longo de um ano. Mais uma vez demos um voto de confiança às autoridades e acreditamos que o projeto seria encaminhado.

Porém, uma frente formada por magistrados e membros do Ministério Público entrou em cena para que o projeto não fosse enviado. Sofremos ataques de todas as formas, muitos chegaram a dizer que nossa luta não daria em nada, que não tínhamos condições de lutar contra essa frente, de que nosso projeto seria arquivado. Mais uma vez, acreditamos em nossa força. Na força de cada servidor que se dispõe a lutar ao lado de outro servidor, formando uma corrente de solidariedade em prol do sonho coletivo. Afinal, esse projeto não é do Sindjus, não é de analistas ou técnicos. Esse projeto sempre pertenceu ao conjunto da categoria. E foi por isso que lutamos.

E porque somos de luta e reconhecemos nosso valor não aceitamos que os diretores-gerais reduzissem drasticamente nossa tabela salarial para atender as exigências de uma magistratura que não aceita que um servidor de carreira ganhe semelhante a um juiz. Cansados de esperar pela boa vontade das autoridades, no dia 10 de novembro demos um basta e, com respaldo de uma assembléia, deflagramos a greve. Uma greve que foi duramente criticada pela imprensa e pelas autoridades do Poder Judiciário e do MPU. Em reuniões fechadas chegaram a exigir de nós, representantes da categoria, o fim imediato da greve. Mais uma vez tivemos de resistir aos ataques e acreditar em nossa capacidade de mobilização, em nossa força de combate.

Os servidores enfrentaram dias de sol forte, de calor abundante, de garoa, de chuva intensa, de muita buzina, de muitas bandeiras, de muitos apitos, de muitas palavras de ordem, de muita expectativa e apreensão diante das negociações. Dias sem violência, dias sem desordem. Dias em que ficou provado que é possível lutar por uma causa justa de forma pacífica e honesta. Porque mesmo quando a situação não nos era favorável, fomos honestos com aqueles que participavam das assembléias passando os informes da forma mais transparente possível. Mesmo diante de inúmeros boatos, de diversas afirmações e contra-afirmações, de tabelas saídas de fontes não reveladas, de ameaças constantes nos pautamos pelo fato de que tínhamos de ser honestos com aqueles que lutaram ao nosso lado. E essa fórmula de respeito recíproco deu certo.

Quando a assembléia aprovou o final da greve ontem (01/12) após o STF acatar a maioria das nossas propostas, fechando finalmente um anteprojeto a ser encaminhado ao Congresso Nacional, a alegria explodiu nos rostos banhados de luta. Há ainda aqueles que tentam minimizar nossa conquista. Porém, só quem acompanhou de perto esse processo todo sabe o gosto desta vitória. Uma vitória suada, mas que deve ser saudada como uma motivação à jornada de aprovação deste PCCR.

Muito obrigado pela confiança e lembre-se de que lutar valeu e sempre valerá a pena se a luta se der de forma conjunta, honesta e democrática.

Lutar, ao seu lado e por você, valeu!

Policarpo
Coordenador-geral do Sindjus

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