Correio Braziliense: Batendo panela para pedir saúde mental

Um panelaço tímido, mas barulhento, movimentou a avenida Hélio Prates, em Ceilândia, ontem pela manhã. A agitação, organizada pela Rede Social de Ceilândia — movimento que agrega outras 30 entidades sociais governamentais e não governamentais da cidade — mobilizou cerca de 40 pessoas entre servidores e usuários para reivindicar melhores condições dos serviços de saúde pública para pacientes com transtornos mentais e pessoas com dependências de álcool e drogas. Os manifestantes também pediam a construção de outros dois Centros de Atenção Psicossocial (Caps), serviço estabelecido pela Lei 10.216.

“A situação está uma vergonha, caótica”, lamenta a servidora Nazareth Malcher, uma das organizadoras do movimento. “O sistema de saúde pública mental no DF é um faz de conta”, discursa.

Na opinião dos servidores e usuários, o número de Caps na satélite é insuficiente e inadequado para uma cidade com mais de 600 mil habitantes. “Pela lei, cada cidade dever ter um Caps a cada 200 mil habitantes. Daí a necessidade de construir outras duas unidades”, reivindica.

Atualmente existem cinco unidades Caps no Distrito Federal. Brasília ocupa o penúltimo lugar num ranking de cidades que possuem Caps. “O atendimento nessas unidades é precário. Às vezes um paciente fica mais de dois anos esperando por uma consulta”, conta.

Com problemas psiquiátricos há 11 anos, José Alves Ribeiro, 46 anos, é um dos usuários que participaram do panelaço. Ele conta que sua saúde mental melhorou bastante depois que passou a usufruir dos serviços do Caps, mas reclama que o atendimento aos pacientes está sucateado devido à grande demanda de pacientes. “Não dá para atender a todos, é preciso ter uma nova política de ressocialização”, pede. Maria de Fátima Lucas Bezerra, 55 anos, diz que os pacientes sentem falta das oficinas terapêuticas.

Para Ricardo de Albuquerque Lins, coordenador de Saúde Metal (departamento ligado à Secretaria de Saúde), a manifestação foi legítima. Estão previstos, disse ele, quatro Caps para Ceilândia. Mas falta a liberação da verba.

Fonte: Correio Braziliense

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