Correio: Eixão multicolorido

Evento reúne multidão em defesa de direitos iguais e pela luta contra a homofobia. Para os organizadores, foram 30 mil participantes, enquanto a PM calculou 15 mil. Festa transcorreu com tranquilidade, sem incidentes

Uma multidão vestida com as cores do arco-íris tomou conta do Eixão do Lazer na tarde de ontem. Embaladas pelo som de Lady Gaga, Spice Girls, Beyoncé, Alicia Keys, Backstreet Boys e muitos outros sucessos, cerca de 30 mil pessoas — entre curiosos, adeptos e simpatizantes do movimento — estiveram na 13ª Parada do Orgulho LGBTS de Brasília, das 14h às 20h, de acordo com a organização do evento. A estimativa da Polícia Militar é mais modesta: 15 mil presentes. O certo é que gente de todas as idades parou para observar o movimento e dançar muito. Até os carros que circulavam pelo Eixinho diminuíram a velocidade para conferir a agitação. Com partida na altura da 112 Sul, a multidão seguiu três trios elétricos, que percorreram o Eixão Sul até a Rodoviária do Plano Piloto. Segundo a PM, o evento transcorreu com tranquilidade, sem problemas.

A festa foi marcada por alegria, criatividade, defesa dos direitos humanos e luta contra a homofobia. Por volta das 19h, a música parou para dar lugar a um grande beijaço. O tema da parada gay deste ano foi “Pela igualdade, a força do nosso voto”. “Nada melhor do que aproveitar o período de eleições para tratar do assunto, tendo em vista o número significativo de lésbicas, gays, bissexuais, transsexuais, transgêros e simpatizantes que existem no DF”, observou Milton Santos, um dos organizadores da parada. Segundo ele, a estimativa é de que esse público represente 10% da população local, o equivalente a cerca de 200 mil pessoas.

“A questão do voto é algo pessoal, mas buscamos levar informações sobre a importância da escolha de candidatos não homofóbicos, não preconceituosos e que tenham sensibilidade para tudo o que envolve a questão LGBT. Queremos eleger candidatos que defendam a sociedade como um todo”, ressalta. Welton Trindade, outro organizador do evento, acrescenta que hoje muitas famílias aceitam a opção dos filhos pela homossexualidade. “Nossos pais e amigos não votam em candidatos homofóbicos, o que amplia nosso movimento”, destaca. Welton conta ainda que a mudança da parada gay de junho para agosto foi estratégica. “O dia do orgulho gay é 28 de junho, mas deixamos para agosto porque o tema das eleições está na cabeça do povo. Se fosse antes, era capaz de esquecerem da mobilização”, ressalta.

Este ano, comemora-se quatro décadas da primeira Parada do Orgulho LGBTS, realizada em Nova York em 1970.

Capricho no visual

Para chamar a atenção e protestar, valeu tudo na manifestação. Desde deixar a roupa em casa até abusar dos acessórios extravagantes. A travesti e garota de programa Ellen Silva, 25 anos, contou com o talento do amigo Jeová, artista plástico, para ter o corpo todo pintado com figuras de maçãs. Blusa e calcinha? Nem pensar. As partes íntimas foram cobertas com tapa-sexo e muita tinta. “Escolhi a maçã porque é o símbolo do pecado”, disse Ellen. Pelo quinto ano consecutivo, o vendedor e modelo fotográfico Adryan Rogério, 20, tirou as asas do armário para se transformar no anjo oficial da parada gay de Brasília. “Sempre venho só para me divertir”, afirma.

Maquiagem caprichada, plataforma altíssima e roupa lilás compuseram o visual da drag queen e cabeleireira Thayra Queen, 33 anos, frequentadora assídua de paradas gays pelo país. “Quero de tudo um pouco: curtir e reivindicar direitos. Só namorar é que não tem jeito porque o visual é todo uma montagem”, brinca ela, que comemora o fato de nunca ter sido barrada “em lugar nenhum, nem montada nem desmontada”.

De bota azul, sunga e suspensório nas cores do arco-íris, o padeiro Jardel José da Conceição, 33, e o namorado, o auxiliar de escritório Francisco da Silva, 28, aproveitaram a festa e pediram respeito da sociedade. “Todo homossexual enfrenta preconceito no trabalho. As pessoas veem a gente como uma aberração, mas somos duas pessoas do mesmo sexo que se gostam e têm o direito de serem felizes juntas”, defende Jardel.

O casal Raiane Ciqueira, 24 anos, e Rosane Kelly Magalhães, 19, optou por um look mais simples, porém com gravatas nas cores do arco-íris. “Estamos aqui para mostrar o que nós somos. O preconceito é muito grande e vem de dentro de casa, da rua, da escola. Queremos acabar com isso e podermos nos casar”, salienta Raiane, que mora com a companheira há um ano e três meses.

Fonte: Correio Braziliense

Eu acho…

“Todos têm que ser respeitados. Vim à parada gay para demonstrar a minha indignação. Fui demitido da empresa onde trabalhava por causa de discriminação. Sofri assédio moral, meus patrões me isolavam dos outros trabalhadores. Chegaram a me ligar fazendo ameaças de agressão.”
Wellington da Silva Fernandes, 35 anos, auxiliar de serviços gerais

“A homofobia aqui em Brasília tem certa resistência, mas ainda é bem menor do que em outros estados.
Estou aqui respeitando a sociedade e fazendo respeitarem meus ideais.
Vim para demonstrar muita alegria e criatividade, temos uma fantasia dentro de todos nós.”
Adelaide do Amaral, 47 anos, funcionário público

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