Taxa de desemprego da população negra do DF cai 24,9% em nove anos

Os negros continuam em desvantagem quando tentam entrar no mercado de trabalho, mas o abismo em relação aos não negros diminuiu nos últimos anos. Em 2000, a taxa de desemprego no Distrito Federal para os negros, por exemplo, estava em 22,5%, enquanto a dos não negros se encontrava em 16,7%. Nove anos depois, o percentual para os afrodescendentes caiu 24,9%, para 16,9%. Já entre brancos e amarelos, a taxa caiu 18% entre o início da década e 2009, quando fechou em 13,7%.

Os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED) focada nas questões de cor e raça demonstram que a inserção de negros no mercado de trabalho brasiliense tem ocorrido de forma mais rápida no restante da população. O secretário de Trabalho, Takame Nascimento, acredita que os números são motivos de comemoração no Dia Nacional da Consciência Negra, celebrado no próximo sábado, e resultam do maior acesso desta população a oportunidades de qualificação. “Eu atribuiria a duas razões: primeiro, ao aumento da qualificação profissional e, depois, ao acesso à educação básica”, afirmou.

A desvantagem da população afrodescendente está na sua representação entre os desempregados. Enquanto a maioria da população economicamente ativa (PEA) é formada por negros, com 66,3%, eles são 70,8% entre os desempregados. Tal percentual acima da presença na PEA demonstra que os negros sofrem mais com o desemprego. Rosamaria Santos, 34 anos, voltará à procura de uma colocação profissional em dezembro. Com o término do contrato temporário, ela, que é negra, acredita que atualmente está mais fácil para um negro encontrar uma vaga de emprego.
Em seu caso, Rosamaria contará inicialmente com a indicação de amigos que já atuam em sua área, de Comunicação Social. “Comparando com outra pessoa com o mesmo currículo que eu, acredito que terei um pouco mais de dificuldade para provar que mereço a vaga”, prevê.

Benefício de ações públicas

O levantamento sobre a inserção de negros no mercado de trabalho retratou ainda o maior aproveitamento por negros das políticas públicas na hora de encontrar um emprego. Embora 78,1% dos empregados entrevistados não tenham recorrido ao Sistema Nacional de Emprego (Sine) para encontrar o trabalho, o recurso seria relativamente bem utilizado, em especial entre os negros. Do total dos negros empregados, 23,4% foram a um posto, enquanto entre os não negros o percentual foi de 19,7%.

A maior procura de afrodescendentes resultou na efetivação de 0,9% dos encaminhados. “Apesar de problemas que o sistema tem de longa data, como questões de integração e baixa efetividade, é inegável a importância dessas políticas que atendem prioritariamente às classes mais populares do País e, em consequência, os negros”, diz Tiago Oliveira, economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese).

Para o analista judiciário Alexandre Rodrigues, 32 anos, as políticas públicas podem realmente diminuir as dificuldades enfrentadas pelos negros para ocupar uma posição no mercado, especialmente aquelas relacionados à Educação.

QUALIFICAÇÃO

Quando começou a se preparar para a carreira jurídica, ele percebeu que o sucesso estaria condicionado a estudo e formação, mas teve que arcar com os custos de todo o processo. “Principalmente no serviço público, o acesso é dificílimo. Sem um treinamento específico, é complicado concorrer com aqueles que estudaram em cursinhos ou puderam comprar bons livros”, argumenta.

Segundo a pesquisa do Dieese, o concurso público foi porta de entrada para 18,7% dos negros empregados, enquanto, para não negros, é meio de acesso em 28%. Mesmo longe do ideal, as políticas públicas de qualificação profissional favorecem mais aos negros que ao restante da população. A constatação é possível a partir do dado de que 24,7% dos negros inscritos em cursos aproveitaram oportunidades gratuitas, percentual maior que o identificado entre os não negros, que foi de 18,2%. Quando houve necessidade de pagar as aulas com recursos do próprio bolso, a relação se inverte. Entre os negros, os custos foi arcado por 58,8% dos estudantes, enquanto entre brancos e amarelos, a parcela atingiu 61,7%.

Já as razões para iniciar o curso são semelhantes entre os dois grupos. A maioria pretende obter conhecimento de interesse pessoal, 44,2% entre negros e 36,3% entre não negros. Em seguida, está a chance de crescimento profissional no atual emprego, mencionada por 18,8% dos negros e 22% dos não negros. Entre os que não fizeram cursos, o motivo foi falta de interesse ou necessidade, apontada por 46% dos negros e 48,3% de não negros. A falta de tempo aparece em 23,6 % e 28,2% dos casos, respectivamente.

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