Jornal de Brasília: Megafone

Logo no primeiro dia de greve por tempo indeterminado, os servidores do Judiciário e do MPU no DF alcançaram um resultado expressivo e animador, mas, ao mesmo tempo, intrigante. Ontem, à tarde, em manifestação iniciada em frente ao STF, a categoria subiu o tom do protesto pela aprovação dos projetos de lei 6.613 e 6.697, que tratam do reajuste salarial do segmento, e fez-se ouvir pelo Governo Federal, até então indiferente às inúmeras manifestações do setor. Coordenador-geral do Sindjus, o sindicato da categoria, Berilo Leão foi chamado ao Palácio do Planalto, sendo recebido por Manoel Messias de Souza, assessor do secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho.

UNÍSSONO

Depois de se inteirar dos motivos da manifestação, o assessor informou que a reivindicação seria encaminhada ao ministro Gilberto Carvalho, que assistiu à manifestação da janela do gabinete da presidente Dilma Rousseff, que, por sua vez, participava de reunião do Programa Minha Casa Minha Vida, no segundo andar do palácio. É de se imaginar que a presidente tenha se indagado sobre os motivos do barulho que vinha da rua, onde vozes já roucas, turbinadas por apitos, panelas e buzinas, gritavam palavras de ordem. “Cinco anos não, queremos reajuste na mão”era a preferida do coro dos descontentes. Da janela, o ministro Carvalho falava ao telefone, ainda não se sabe com quem.

SEDEX

O assessor também informou que a demanda dos servidores seria encaminhada ao ministro-chefe da Casa Civil, Antônio Palocci, e à própria presidente Dilma. Será que até hoje estas duas autoridades ainda não tinham conhecimento do movimento dos servidores da Justiça e do MPU, tão vísivel na mídia e em manifestações na Praça dos Três Poderes e adjacências? O que importa para o Sindjus, segundo Berilo Leão, é que a mobilização da categoria conseguiu atingir seu objetivo inicial e dá sinais de que, a cada dia, ganha mais fôlego para alcançar outros patamares. Hoje, haverá ato em frente ao STF, justamente em dia de plenárias.

CAMINHANDO E CANTANDO

Nem grades nem seguranças foram capazes de conter o ímpeto dos servidores do Poder Judiciário e do MPU, durante a manifestação de ontem. O encorpado grupo de manifestantes deixou a Praça dos Três Poderes, atravessou o Eixo Monumental e parou aos pés da rampa. Houve até quem se atirasse no espelho d’agua. Depois de alguns minutos de ruidoso protesto, os manifestantes encerraram as atividades do dia. A ideia agora, segundo Leão, é reforçar o corpo a corpo com quem ainda não se juntou ao movimento e buscar adesões à paralisação. Para isso, o piquete será intensificado em frente aos órgãos do Judiciário e do MPU. Um dos focos é o Fórum de Samambaia, cuja participação na greve é considerada tímida. Mas, mesmo com as atividades suspensas, a categoria mantém o atendimento em casos de habeas corpus e de julgamentos sob risco de perder o objeto em decorrência da ausência de funcionários. “Vamos ampliar a conscientização dos servidores para a importância da greve como instrumento para obtermos o nosso reajuste”, diz Berilo.

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