Ponto do Servidor: Caos na área de RH
A cada dia engrossa mais o coro dos
descontentes com a decisão da presidente
Dilma Rousseff de lavar as mãos em relação
ao reajuste salarial de servidores e
magistrados do Pode Judiciário. Ontem, ao
defender o aumento, o ministro do
Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar
Mendes (foto) criticou o governo e disse que
“seria inconstitucional” não encaminhar ao
Congresso a proposta de aumento. Mendes
disse que há um “caos” na área de recursos
humanos da Esplanada e cobrou uma
discussão envolvendo os Três Poderes para
tentar resolver a “assimetria” nos salários
das diversas categorias. Ao enviar ao
Congresso Nacional as previsões de receitas
e gastos para 2012, o governo havia deixado
de fora as propostas de reajustes da Justiça,
que causam impacto de R$ 7,7 bilhões nos
cofres públicos. Pressionado pelo STF e pelo
Ministério Público Federal, o Planalto foi
obrigado a recuar e a rever sua proposta
orçamentária, obrigando a presidente Dilma
Rousseff a enviar uma mensagem ao
Congresso com os reajustes pedidos pelo
Judiciário e criticando a proposta. O
impacto do reajuste pesou na decisão do
governo de não acatá-lo. Para se ter uma
ideia, todos os reajustes previstos para 2012
a servidores somam R$ 1,5 bilhão, bem
abaixo dos R$ 7,7 bilhões do Judiciário.
Momento de Dialogar
“Chegou o momento de conversarmos. Não é possível encerrar o diálogo ou não
encaminhar as propostas submetidas pelo Judiciário porque esse tipo de ação é
inconstitucional”, disse Mendes, para quem até os supersalários de servidores da
Câmara e do Senado, acima do teto do funcionalismo, atualmente em R$ 26,7
mil, é provocado por essa desorganização. O ministro reconheceu que há
excesso de funções comissionadas em alguns tribunais.
Ações no STF
Outras frentes no campo judicial estão sendo abertas em prol do
reajuste. Chegaram ao STF duas ações que apontam inconstitucionalidade
na decisão da presidenta da República, Dilma Rousseff, e da ministra do
Planejamento, Miriam Belchior, em fazer cortes nas propostas
orçamentárias do Poder Judiciário para 2012, o que também afetará o
Ministério Público da União (MPU).
Auxílio-Moradia mais gordo
Enquanto a pendenga do reajuste não se define, os ministros do STF
decidiram na noite de ontem aumentar em quase 60% os valores do próprio
auxílio-moradia que, segundo eles, não era reajustado desde 2003. A partir do mês
que vem, o valor do benefício mensal passará de R$ 2.750 para R$ 4.377,73, que
será pago além do salário de R$ 27,6 mil – o teto do funcionalismo público. O
pagamento deste benefício só vale para aqueles ministros que não possuem
residência fixa em Brasília ou que não ocupam apartamento funcional.
Segundo informações do STF, o único integrante da Corte que hoje
recebe o auxílio é Luiz Fux. Juízes auxiliares do tribunal, que são
convocados para trabalhar nos gabinetes dos ministros, também
terão aumento de 23,06% no benefício, passando de R$ 2.750
para R$ 3.384,15. O aumento é menor, porque já havia tido
um benefício para esses magistrados em 2008. Esse aumento
terá impacto mensal de R$ 78,8 mil e anual de R$ 945,9 mil.
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