Carta Capital: A rebelião do funcionalismo

Impasse. Onze mil servidores tiveram o ponto cortado. O governo tem poucos dias para negociar.

Desde o começo do ano, mais de 180 reuniões foram realizadas entre o governo federal e representantes de ao menos 30 categorias do funcionalismo, segundo a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef). Os servidores cobravam reestruturação de carreiras, reajustes salariais e melhores condições de trabalho, mas viram as negociações proteladas até agosto. Resultado: cerca de 250 mil funcionários, entre professores, policiais federais e rodoviários, auditores fiscais, empregados do Incra, da Funai, do Banco Central, das agências reguladoras, de portos e aeroportos, cruzaram os braços ou forçaram a lentidão dos serviços em operações-padrão. Nas contas do governo, a greve mobilizou 11.495 funcionários, que tiveram os pontos cortados.

Os números evocam os grandes protestos dos tempos de Fernando Henrique Cardoso. Com uma diferença: “Antes fazíamos greve para conseguir negociar. Com o Lula, as mesas de negociação permanente foram criadas e as categorias tiveram reajustes acima da inflação. Agora temos de fazer greves para que os acordos sejam cumpridos”, explica Sérgio Ronaldo da Silva, diretor da Condsef. “Estamos dialogando desde o ano passado. Deliberamos que em 2012 tudo seria unificado e as reivindicações, padronizadas.” O governo cita os efeitos da crise mundial como limitadores dos reajustes.

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