Dia 20 de novembro: A Consciência cria Justiça

“Penso, logo existo”, de acordo com Descartes, a consciência surge como fundamento e modelo de todo o conhecimento. É a consciência que possibilita ao homem pensar não somente a si próprio, mas o mundo que o rodeia. Mais do que pensar, a consciência permite transformações de pensamentos e ações.

Embora todos possuam sua “consciência individual”, no interior de qualquer grupo ou sociedade, existem formas padronizadas do modo de agir e pensar, que Durkheim tão bem chamou de consciência coletiva.

Não resta dúvida do poder transformador da consciência coletiva na construção de uma nova ética mundial, seja em relação à paz, à sustentabilidade do meio e das relações, ao respeito ao próximo independentemente de sua origem, sexo, classe social, religião e cor de pele.

Sem consciência, o planeta já teria sido entregue à barbárie. Ao longo dos séculos, essa consciência coletiva tem evoluído e ganhado contornos mais definidos. Contornos que possibilitam avanços em várias áreas e aspectos.

O Sindjus, como instrumento de luta e espaço democrático de debate, tem sua atuação voltada também para a formação da identidade individual e coletiva dos trabalhadores. Deste modo, sempre está empunhando bandeiras ou inserido em campanhas voltadas à valorização de hábitos saudáveis, à democratização do acesso à Justiça, à universalização da leitura, ao fim de qualquer tipo de discriminação: racial, gênero, credo, etnia, opção sexual…

É a consciência que permite a nossa união em torno de um objetivo comum. É a consciência que nos faz lutar pelo próximo com o mesmo afinco que lutamos por nossas causas. É a consciência o que impulsiona o nosso desenvolvimento individual e coletivo, enquanto cidadão e sociedade, enquanto servidor e categoria, da melhor forma possível rumo a uma realidade mais justa e solidária.

Foi a consciência coletiva, forjada em muitas batalhas, que sedimentou o caminho de uma importante decisão judicial. Em abril último, o Plenário do Supremo Tribunal Federal (STF) considerou constitucional a política de cotas étnico-raciais para seleção de estudantes da Universidade de Brasília (UnB).

Um passo importante para sanar a dívida social e histórica do Brasil com o povo negro, que sempre viveu as margens do acesso à educação. Negros que durante cinco séculos ficaram de fora do retrato oficial do país. Cinco séculos sem ver seus iguais em cargos importantes ou profissões respeitadas. Cinco séculos sem se achar belo, sem se achar parte, sem se achar digno de compartilhar direitos.

Ainda há muito a ser feito, mas a consciência já possibilitou uma série de políticas e atitudes afirmativas. Hoje, os negros já ocupam posições de destaque, têm condições de frequentar universidades de qualidade, têm sua história e costumes estudados em escolas públicas. Hoje, mais do que “forasteiros” ou “mercadoria”, os negros já são considerados uma das muitas raízes que colaboraram para a formação deste país miscigenado.

É a consciência que vem transformando essa realidade e é a ela que o Sindjus dá os parabéns: Viva a consciência negra!

Cledo Vieira

Coordenador-geral do Sindjus

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