Em matéria sobre reforma da Previdência, Correio Braziliense ataca servidor público
O jornal Correio Braziliense, em sua edição do dia 6 de janeiro, saiu em defesa da proposta de reforma da Previdência do governo de Michel Temer – PEC 287/2016. Mas para isso, numa tentativa de disfarçar a sua opção por apoiar um projeto que ameaça direitos, fez uma comparação desproporcional colocando trabalhadores do setor privado contra servidores públicos.
Com o título “Inativo da União custa 13 vezes mais que o beneficiário do INSS”, a matéria insiste nos argumentos utilizados pela equipe econômica do governo para justificar suas medidas de ajuste fiscal. Além disso, reforça a ideia de que há um rombo na Previdência Social e que a culpa é dos mais de 900 mil servidores aposentados, que dedicaram parte de sua vida prestando serviços à população.
“O cálculo leva em conta o rombo de R$ 144,9 bilhões acumulado pela Previdência Social de janeiro a novembro para pagar benefícios a 26,8 milhões de segurados e a necessidade de financiamento de R$ 71,8 bilhões, registrada no mesmo período, para garantir as aposentadorias de 973.707 servidores inativos”. Com esses dados, que têm origens distintas, o jornal fundamenta a sua justificativa para que o governo promova uma reforma que vai fazer com que trabalhadores dos setores públicos e privados trabalhem em média 20 anos a mais do que o previsto nas regras atuais para se aposentar no tempo integral. Mais à frente, o diário deixa explícita a defesa da proposta, utilizando argumentos de vários especialistas aliados à política econômica do governo.
Ao invés de jogar para os servidores a responsabilidade das escolhas equivocadas dos gestores públicos, a reportagem deveria aproveitar os dados para também mostrar a dura realidade que vivem os trabalhadores celetistas, com um sistema de aposentadoria que não condiz com suas necessidades. Poderia ter ouvido também especialistas que apontem que a proposta de reforma da Previdência do governo não resolverá a situação da crise do país. Mas o veículo optou por fazer comparações que, na prática, jogam um setor da classe trabalhadora contra o outro e ainda faz propaganda de mais uma medida do ajuste fiscal levado a cabo pelo Palácio do Planalto.
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