Grande marcha contra as reformas do governo reúne mais de 100 mil em Brasília

O caminho que liga o estádio Mané Garrincha até o Congresso Nacional – incluindo o Eixo Monumental e toda a Esplanada dos Ministérios – virou um mar de gente no início da tarde desta quarta-feira (24). Mais de 100 mil pessoas, de várias partes do país, vieram à capital federal participar do Ocupa Brasília, convocado por centrais sindicais, com o objetivo de protestar contra as reformas do governo de Michel Temer.

Fotos: Kilson Ricardo

Mesmo com a forte repressão dispensada pelas forças de segurança pública, trabalhadores de várias categorias, servidores públicos, professores, estudantes e militantes sociais protagonizaram hoje uma das maiores manifestações vista nos últimos anos. Os mais variados coros denunciaram a política de ajuste fiscal do Palácio do Planalto e de seus aliados, cada dia mais sem legitimidade para seguir no comando do país, com as denúncias de envolvimento no esquema de corrupção investigado pela operação Lava Jato.

O Sindjus-DF, assim como vários sindicatos da base da Fenajufe e diversas entidades de servidores públicos federais, esteve presente na grande manifestação. Além dos coordenadores Costa Neto, Chico Vaz, Devair de Souza, Eldo Luiz, Gilmar Paz e Roberto Jovane, também estiveram na mobilização do Ocupa Brasília vários servidores da base, que paralisaram as atividades, conforme decisão da assembleia geral realizada no dia último dia 18. A categoria, se somando ao conjunto da população, decidiu participar em peso da luta contra as reformas da Previdência e Trabalhista, em tramitação no Congresso Nacional.

Costa Neto, coordenador geral do Sindjus, destacou a grande participação dos servidores do Judiciário Federal e do MPU na manifestação, que vieram em caravanas de vários estados. Para ele, a marcha foi bem sucedida e cumpriu com o seu objetivo de mostrar para o governo que os trabalhadores estão mobilizados para barrar suas reformas que retiram direitos. “Hoje vivemos um momento ímpar para a história do sindicalismo no país. Nós mostramos para a mídia e para o governo o poder que tem os trabalhadores. E esse foi um movimento vigoroso e de unidade, em que todas as centrais sindicais trabalharam efetivamente para que o ato fosse vitorioso”, destacou o dirigente, pontuando, ainda, que os servidores do Judiciário e do MPU atenderam ao chamado dos sindicatos e compareceram em massa.

“Nós registramos aqui talvez umas 150 mil pessoas. Uma imensidão de gente ocupou a Esplanada dos Ministérios. Então, a partir de agora, esse governo deve colocar as barbas de molho porque os trabalhadores comprovaram que têm poder para derrotar essas políticas e também para impedir que seus direitos sejam usurpados”, finalizou.

Forte repressão da tropa de choque
Inconformado com a força do povo, que mostrou hoje estar disposto a seguir mobilizado para derrotar a atual política em curso, o governo optou por usar da força para dispersar a grande manifestação que tomou conta do centro da capital federal. Quando os manifestantes chegaram mais próximos ao Congresso Nacional, a tropa de choque da Polícia Militar usou da violência, jogando spray de pimenta, gás lacrimogêneo e bombas de efeito moral. O carro de som principal, que conduziria o ato em frente ao Congresso, foi impedido de seguir devido às bombas que foram jogadas em sua direção.

A Esplanada dos Ministérios virou uma verdadeira praça de guerra e dezenas manifestantes e jornalistas que cobriam o ato ficaram feridos. Muitas colunas de várias organizações não conseguiram terminar de chegar ao Congresso, devido à dispersão provocada pela truculência da polícia. Mas mesmo com toda a violência, milhares de pessoas continuaram o protesto, especialmente pedindo a saída de Michel Temer da Presidência da República.

Fotos: Nunah Alle

O lindo céu de Brasília ficou coberto por ampla fumaça preta das bombas jogadas pela tropa de choque. O pujante ato contra as reformas de Temer foi finalizado com dezenas de milhares de pessoas correndo de volta, em direção à Rodoviária do Plano Piloto.

No entanto, a força do Ocupa Brasília demonstrou àqueles que duvidavam da capacidade de união e reação dos trabalhadores que o povo organizado é capaz de derrotar qualquer reforma ou projeto que seja nocivo ao país.

O Sindjus conclama todos os servidores do Judiciário e do MPU a não arrefecer os ânimos diante dos ataques do governo. O momento é de unidade, resistência, reação e enfrentamento a esse estado de desmandos, corrupção e ataques aos direitos dos trabalhadores e da população brasileira.

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