Mudança da pauta política esfriou reforma da Previdência, mas ameaça continua

De olho na satisfação da classe empresarial, o governo tem investido suas fichas nas reformas trabalhista e previdenciária. A trabalhista já virou lei. E a da Previdência, que ameaça a aposentadoria de um universo de brasileiros, só não avançou por conta da divulgação, no dia 17 de maio, da conversa gravada pelo empresário Joesley Batista com o presidente Michel Temer.

Tal gravação teve impacto considerável na ofensiva governista. Segundo levantamento da UOL, a reforma da Previdência foi citada 102 vezes no plenário da Câmara na terceira semana de maio. Após as delações de Joesley, as menções caíram para 49. E em junho, diminuíram ainda mais – 20 vezes por semana. E na semana anterior ao recesso, apenas quatro discursos citaram a matéria.

A mudança da pauta política provocada pelo efeito Joesley impediu o avanço da reforma, mas o governo não desistiu dela. A denúncia contra Temer está prevista para ser votada no dia 2 de agosto, isto é, na volta do recesso parlamentar. Após passar essa etapa, independente do resultado, a reforma deve voltar a ser o foco, pois o mercado quer sua aprovação.

Segundo a Moody’s – uma das principais agências de classificação de risco de crédito no mundo, as recentes acusações de corrupção reduziram o capital político do governo Temer e comprometeram sua capacidade de aprovar uma ampla reforma previdenciária. No entanto, esse cenário é imprevisível, pois o tema continua sendo tratado como fundamental pelos governistas. O ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, nesta terça (18), afirmou que sem a aprovação da reforma da Previdência, a regra que criou o teto para gastos públicos se tornará incompatível com a realidade orçamentária do país a partir de 2020.

Não podemos parar nossa luta por conta da reforma ter deixado os holofotes. É necessário que continuemos exigindo seu arquivamento. O Sindjus-DF, na matéria “CPI da Previdência: sistema não é deficitário”, informou que o déficit previdenciário é mentira. Verdade é que com a nova regra, a data de aposentadoria se aproxima da média de vida dos brasileiros, de modo que muitos trabalhariam até morrer. Segundo pesquisa da professora de Economia da UFRJ Denise Gentil, 79% dos aposentados por idade em 2015 estariam fora das novas regras e não conseguiriam se aposentar. Ou seja, com essa reforma um grande número de trabalhadores ficará excluído da aposentadoria.

O Sindjus continua em estado de mobilização, chamando a categoria a dizer NÃO à reforma previdenciária, que é injusta e sem justificativa. Clique AQUI para enviar carta aos parlamentares, no sentido de barrar essa ofensiva contra os trabalhadores.

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