Sindjus-DF repudia violência, manifestações de ódio e agressões ocorridas durante o X Congrejufe

O Sindjus-DF, entidade representativa dos servidores do Poder Judiciário Federal e do Ministério Público da União no DF, vem manifestar repúdio face às ocorrências gravíssimas verificadas durante a realização do 10º Congresso da Fenajufe, realizado em Águas de Lindóia/SP, que implicaram ataques e agressões de toda sorte a colegas, à dirigentes, à base sindical do DF e ao próprio Sindjus-DF, em total desrespeito aos princípios e objetivos que norteiam a Federação, colocando em risco a união das entidades filiadas, a harmonia e unidade da nossa categoria.

Os sucessivos ataques vão desde ofensas verbais a pessoas e entidades, à tentativas de agressão física e até ameaça de morte, tornando o ambiente do Congresso hostil e inseguro. Foram verdadeiras cenas de horror que tomaram um espaço que deveria ser destinado ao debate e a propostas de melhorias para a Federação e de unidade e avanços para a nossa categoria.

Durante o 10º Congrejufe, realizado de 27 de abril a 1º de maio, em Águas de Lindóia-SP, o analista do MPDFT e delegado integrante da delegação do DF, Guilherme Silva, foi sumariamente julgado, condenado e expulso do Congresso, tendo seu crachá destruído na frente de todos sem que lhe tenha sido oportunizado direito de defesa e de prestar esclarecimentos dos fatos.

Por utilizar uma camiseta com o símbolo da bandeira de Gadsden, o servidor foi acusado de ser “racista” e “fascista”, sendo agredido fisicamente com um celular no rosto e também verbalmente, recebendo xingamentos de toda sorte. Foi ainda ameaçado de prisão e até de morte.

A bandeira de Gadsden é uma bandeira histórica dos Estados Unidos, de fundo amarelo com uma cascavel contraída e pronta para atacar. Sob a serpente lê-se “DONT TREAD ON ME” (“NÃO PISE EM MIM”). A bandeira leva o nome do seu criador, o general e político americano Christopher Gadsden (1724-1805), que a projetou em 1775 durante a Revolução Americana. Um dos líderes dessa revolução, o abolicionista Benjamin Franklin, defendeu a bandeira. No entanto, sobre a bandeira pesam acusações de ser utilizada por grupos racistas norte-americanos que defendem a supremacia branca.

Diante dessa polêmica e das agressões sofridas, o servidor Guilherme Silva, que justificou o uso da blusa no fato histórico da Revolução Americana ter representado uma luta contra o sistema de poder econômico vigente e ser uma forma de demonstrar a reação do indivíduo contra o gigantismo do estado que o oprime e pisa, fez ocorrência policial contra os agressores e retornou a Brasília no dia seguinte, a fim de preservar sua integridade física.

O Sindjus-DF reafirma seu posicionamento contra toda e qualquer forma de racismo, discriminação e preconceito racial, bem como contra toda e qualquer prática de intolerância, violência, agressão física ou moral, repudiando a forma violenta como muitos delegados do Congrejufe trataram o servidor Guilherme Silva.

Apesar de não comungar com muitas das ideias do delegado Guilherme Silva, entre elas o seu posicionamento pessoal contra a demanda do Nível Superior para Técnicos, que foi aprovada em todas as instâncias da categoria e é uma das bandeiras prioritárias do Sindjus-DF, a diretoria do Sindicato considera inaceitável que colegas de categoria de militância político-partidária, eleitos para representar o conjunto de servidores do Poder Judiciário e do MPU, ajam dessa forma, pautados pela intolerância e ódio contra um colega eleito delegado por sua base.

Todos merecemos respeito. Todos merecemos o direito à defesa.

No passado, inúmeras mulheres foram queimadas sob a acusação de bruxaria. Muitos negros foram escravizados e mortos pelo simples fato de serem negros. E, em pleno século XXI, em um Congresso formado por integrantes do Poder Judiciário e do Ministério Público da União, delegados repetem os piores horrores e momentos da nossa história: acusando, condenando e executando pena a um ser humano de forma arbitrária.

O que se viu na condução do “caso Guilherme” foi um espetáculo dantesco e vergonhoso, lamentável e irresponsável. Neste episódio, a acusação foi construída sob a égide da intolerância e do desrespeito às leis e à cidadania, sem que ao acusado fosse dado o mínimo espaço para oferecer sua defesa, elemento basilar de constituição de um estado democrático de direito.

Ressalte-se que todos esses fatos foram protagonizados por integrantes de correntes político-partidárias que, numa clara demonstração de intolerância e falta de qualquer sentimento humano de fraternidade ou amor ao próximo, incitaram seus militantes a cometer abusos, atos de insanidade e violência contra colegas da categoria, pelo simples fato de divergir de suas posições.

Em uma época onde se tornou lugar comum acusar, difamar, julgar o outro por ele ter ideias diferentes, o Congrejufe, ao contrário de dar exemplo, repete a violência gratuita das ruas e das redes sociais. As instâncias da categoria, como o Congrejufe, têm justamente o papel de desenvolver, de forma democrática e respeitosa, o debate plural de ideias.

O que se espera de congressos como esse e de seus delegados são discussões civilizadas sobre pautas de interesse da categoria. Por mais debate qualificado e menos cenas de horror.

O extremismo não é saudável, independentemente da posição defendida. O Sindjus-DF defende a bandeira da coletividade, combatendo a fragmentação, ideologias fascistas e o radicalismo em geral.

O Sindjus-DF é contra toda e qualquer forma e manifestação de racismo. No entanto, qualquer discussão do mérito envolvendo o episódio da camiseta utilizada pelo servidor Guilherme Silva se perdeu no contexto de uma violência descabida e desnecessária.

O Sindjus-DF não coaduna com atitudes violentas, desrespeitosas, agressivas e caluniosas como as vivenciadas durante o 10º Congrejufe que, de forma odienta, foram praticadas contra alguns integrantes da delegação do Sindjus-DF, seus dirigentes e contra a própria entidade.

O Sindjus-DF é uma entidade de vanguarda que há 29 anos vem contribuindo com a luta dos trabalhadores e atuando de forma incessante pelo fortalecimento da Fenajufe e de suas entidades filiadas, pela unidade da categoria e pela defesa intransigente dos interesses e direitos de todos os servidores do PJU e MPU. Exigimos respeito!

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