Sindjus-DF repudia declaração de Paulo Guedes de que servidor é parasita do governo

Na manhã desta sexta-feira (7/2), durante palestra no seminário Pacto Federativo, promovido pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou que o governo brasileiro está quebrado porque gasta 90% da sua receita com o funcionalismo público, classificado como “parasita”.

É inadmissível que o servidor público, que presta um enorme serviço ao Estado brasileiro e à sociedade em geral, nas mais diversas áreas, tais como Justiça, Saúde, Educação e Segurança Pública, seja classificado como um parasita do governo.

Parasita do governo é quem pratica corrupção, quem utiliza cargos públicos em proveito pessoal e para fins políticos e eleitoreiros, quem dá continuidade à velha prática de “mamar” no governo, sugando o dinheiro público e assim sucateando o serviço público e destruindo sonhos e o futuro de milhões de brasileiros.

Disse Guedes: “O funcionalismo teve aumento de 50% acima da inflação, tem estabilidade de emprego, tem aposentadoria generosa, tem tudo. O hospedeiro está morrendo. O cara funcionário público virou um parasita e o dinheiro não está chegando no povo”.

Ao contrário da imagem de privilegiado que o governo desonestamente insiste em colar no servidor público, para jogar a sociedade contra o funcionalismo, os servidores estão há anos com seus salários defasados pela inflação, com seu poder de compra aviltado e qualidade de vida drasticamente comprometida, sendo obrigados a contrair empréstimos consignados e tendo vários de seus direitos retirados e ameaçados.

Recentemente, tiveram um confisco de seus salários e aposentadorias com alíquotas abusivas e podem perder 25% do salário com uma reforma administrativa escorchante.

Todo esse discurso de ódio do banqueiro Paulo Guedes contra o funcionalismo é proposital visando a aprovação da reforma administrativa. As mesmas justificativas infundadas foram utilizadas ao longo da propaganda enganosa deflagrada para garantir a aprovação da reforma da previdência.

Até quando destruir a imagem das instituições e de seus servidores será uma prática política?

O mesmo Paulo Guedes que chama os servidores de parasitas foi convidado para o Ministério da Economia sem sequer saber o que era LOA (Lei Orçamentária Anual), segundo divulgado pela imprensa em 2019. O então presidente do Senado, senador Eunício Oliveira, precisou explicar para Guedes o que era LOA. Para não ser parasita do governo, as pessoas que o integram precisam ter responsabilidade, ser capacitadas e qualificadas para as tarefas que vão desenvolver.

Um ministro da Economia agredir os servidores públicos chamando-os de parasitas demonstra desapreço, desrespeito e total falta de conhecimento sobre a importância do funcionalismo para o País. O trabalho dos servidores é que move a máquina pública e é fundamental para o desenvolvimento do Brasil, bem como para a garantia da cidadania. Os servidores do Poder Judiciário e do MPU, por exemplo, cumprem um papel importantíssimo na garantia dos direitos, combate à corrupção e no acesso à Justiça de toda a população, em especial dos cidadãos mais humildes e desfavorecidos, exatamente aqueles que mais precisam dos serviços do Estado.

Servidores que realizam seu trabalho com dignidade, zelo e compromisso com a sociedade brasileira e com o cumprimento da Constituição Federal, honrando os cargos que ocupam. Mas Paulo Guedes não enxerga nada disso em sua tentativa de agredir, macular e destruir a imagem dos servidores públicos. No entanto, não é a reputação dos servidores que está prestes a ruir.

Recentemente o deputado Paulo Ramos, do PDT-RJ, afirmou sobre Guedes. “É um infiltrado na máquina pública. Fez uma aliança com o capital e tem desenvolvido políticas públicas para essas alianças que construiu em seus negócios privados durante a vida”. No final de 2019, o deputado pediu à Procuradoria-Geral da República uma investigação sobre Paulo Guedes, a fim de provar que o ministro é sócio oculto de empresas e fundos beneficiados por decisões do governo. Diante disso, a PGR remeteu o caso à Procuradoria da República no Distrito Federal, ao Tribunal de Contas da União e à Comissão de Ética Pública. Também vai acionar o Supremo Tribunal Federal sobre essa questão.

O Sindjus-DF vem trabalhando conjuntamente com as demais entidades do serviço público para combater as mentiras e os ataques que vêm sendo disparados contra os servidores e o serviço público e clama à categoria que se una contra esses ataques, que combata esse discurso de ódio nas redes sociais e que esteja pronta para os atos em defesa do serviço público brasileiro.

Independentemente de ideologia política, faz-se necessário que todos os servidores e homens e mulheres de bem desse país unam forças contra essa tentativa de desmonte do funcionalismo público e desconstrução da imagem dos servidores, que merecem respeito pelo papel fundamental que cumprem, de forma responsável e eficiente, de levar os serviços públicos aos mais pobres e necessitados. Precisamos dizer não, em alto e bom tom, ao achincalhamento por parte de membros do governo.

Somos servidores que servem à sociedade e à Nação e não podemos jamais ser confundidos com as ações praticadas por alguns políticos e banqueiros corruptos que se servem da Nação.

Precisamos nos unir e enfrentar essa onda atroz e beligerante de ataques às nossas funções e à nossa dignidade e integridade.

Diretoria Colegiada do Sindjus-DF

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