Editorial: Cobrem dos verdadeiros privilegiados! Sindjus-DF repudia que serviços e servidores públicos paguem a conta pela crise
O Sindjus-DF compreende que a população brasileira enfrenta sérios problemas em razão da crise econômica agravada pela pandemia de Covid-19, que já completa mais de um ano causando milhares de mortes e mudanças na realidade não só do nosso País, mas do mundo.
No Brasil, muitos perderam seus empregos e famílias tiveram sua renda comprometida.
O número de famílias em extrema pobreza cadastradas superou a casa de 14 milhões, cerca de 39,9 milhões de pessoas vivendo na miséria.
Infelizmente, é um cenário que ninguém gostaria de encontrar. Sem dúvida, devem ser propostas e efetivadas políticas no sentido não só de amenizar, mas de mudar essa realidade.
O auxílio-emergencial se mostrou necessário, mas é totalmente equivocada a ideia de financiá-lo cortando na carne do serviço público.
Isso porque é justamente a parcela mais carente da população que mais se beneficia do serviço público, necessitando, por exemplo, de atendimento médico gratuito, segurança e educação pública, acesso à Justiça, etc.
Ventila-se na mídia que o governo pretende congelar os salários do funcionalismo por mais três anos para compensar o impacto orçamentário do auxílio nas contas públicas. Isso sem contar que muito já se falou em cortar até 25% dos salários dos servidores para pagar a conta da crise.
Enfraquecer o serviço público brasileiro não levará à superação da crise econômica, mas ao seu agravamento. Congelar o orçamento dos servidores não afeta somente aquela família, mas várias, que passaram a depender economicamente dos recursos oriundos do servidor, além de provocar o desaquecimento da economia e o sucateamento dos serviços públicos.
E que estratégia é essa de atacar quem está vencendo a guerra?
São os servidores que estão na linha de frente de combate ao coronavírus. São os servidores que estão mantendo os serviços oferecidos pelo Estado em pleno funcionamento, mesmo nas condições mais adversas. São os servidores que estão fazendo a diferença e sendo chamados de heróis.
Robin Hood tirava dos mais ricos para dar aos mais pobres. No entanto, os servidores não estão no papel de privilegiados. O funcionalismo brasileiro vem sendo desvalorizado, desrespeitado e atacado há anos, sofrendo com salários defasados e corroídos pela inflação, com os vencimentos comprometidos por empréstimos consignados, com a renda confiscada por aumentos abusivos na contribuição previdenciária e carga tributária, bem como com altos níveis de adoecimento.
A Diretoria do Sindjus-DF defende a valorização e não o sucateamento dos serviços públicos, entendendo que há outros caminhos para o financiamento do auxílio-emergencial.
Por exemplo, os 500 maiores devedores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) continuam devendo trilhões aos cofres públicos. Que tal cobrar essa dívida? Sem dúvida, o governo deve se voltar aos verdadeiros privilegiados e não aos servidores, que já tiveram seus salários confiscados na última Reforma da Previdência.
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