Primeiro dia do Pensar Brasil traz pré-candidatos à presidência, ministros e especialistas para pensar o país do futuro

O evento ainda foi palco da pré-estreia do filme Pureza, que aborda a luta de uma mãe contra o trabalho escravo

Um debate aprofundado e rico sobre as relações de trabalho, crescimento econômico e os desafios do país. Foi assim o primeiro dia do congresso Pensar Brasil – Diálogos sobre trabalho, desenvolvimento e futuro, que acontece no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, entre os dias 12 e 13 de maio. Além de autoridades, ex-ministros e membros da sociedade civil organizada, estiveram presentes os pré-candidatos à presidência da República: Ciro Gomes (PDT), por meio virtual em razão de estar acometido de COVID-19, André Janones (Avante), Pablo Marçal (Pros) e general Santos Cruz (Podemos).

Diversas palestras abrilhantaram o evento e lançaram luz sobre temas importante para o país, como saúde e segurança no trabalho, direitos sociais, promoção de direitos e justiça, tributação sobre renda. Os pré-candidatos ainda fizeram uma análise da conjuntura política e econômica e apresentaram suas propostas.

O coordenador-geral do Sindjus-DF, Costa Neto, abriu o evento pontuando que é preciso reduzir as desigualdades, investir nos serviços ao público e no sistema econômico e social do país. “Tributação, economia, trabalho, ciência, tecnologia e serviço público. Sem esses pilares não há como um país se desenvolver nem é possível assegurar o bem-estar de todos, da população brasileira”, pontuou Costa Neto.

O presidente do Sindilegis, Alison Souza, destacou o principal objetivo do Pensar Brasil. “Para construir soluções para o nosso país, nós precisamos defender de forma intransigente o trabalhador e defender igualmente os setores produtivos do Brasil, as empresas”, ressaltou o presidente do Sindilegis, Alison Souza, na abertura do evento.

Pré-candidatos à presidência

O pré-candidato Ciro Gomes participou do evento de forma virtual, em virtude de ter contraído a Covid-19, e citou, pautado por números do orçamento da União, que esse tem sido o menor investimento da história do país. Ciro Gomes esteve acompanhado de Antônio Neto, presidente da CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros), e de Carlos Lupi, presidente do PDT. O pré-candidato defendeu que o próximo presidente precisa atuar para modificar o modelo econômico do país.

“Quatro milhões de pessoas desistiram de procurar emprego no último mês. Outros 12 milhões são considerados desempregados pelo IBGE. E chocantes 50 milhões estão na informalidade, com jornadas de 60 horas de trabalho. Isso sem contar com 50 a 60 milhões de brasileiros sem cobertura previdenciária. A renda está declinando ao menor valor médio desde que se mede. Isso porque temos o segundo menor valor de salário-mínimo da América Latina, só ganhamos da Venezuela.”

Estreante na política, Pablo Marçal destacou que a sua meta é estimular a produtividade e colocar o Brasil na rota do desenvolvimento. “Dez milhões de empresas nos próximos 10 anos e até 2032 colocar o Brasil como a nação mais próspera da terra”, afirmou.

André Janones, por sua vez, criticou o liberalismo econômico, defendeu a eficiência do Estado e rechaçou os ataques contra os servidores públicos. “Eu não sei quem são os grandes culpados pelo país se encontrar do jeito que está, por termos uma dívida pública tão elevado, pelo déficit no Orçamento. Mas eu sei exatamente quem não são os responsáveis: não são os mais pobres, os aposentados ou os servidores públicos deste país.”

O general Santos Cruz, que tem sua exposição marcada para a tarde desta sexta-feira (13), concedeu algumas entrevistas e apresentou seu plano de trabalho.

Expositores
O procurador da República Júlio Araújo, que também é diretor da Associação Nacional dos Procuradores da República, esteve no evento convidado pelo Sindjus-DF e falou sobre a promoção de direitos e o sistema da Justiça. De acordo com o procurador, é preciso dar mais efetividade às decisões das cortes internacionais e inserir o país no diálogo do exterior sobre direitos humanos.

Júlio Araújo ainda destacou a importância do evento para discutir a situação enfrentada pelo país e pelas instituições. “É super importante discutir essas questões em um momento tão relevante para o país, um momento difícil para as instituições. Um momento duro para a democracia brasileira, de ataque às instituições, e com o Ministério Público não é diferente. É o momento de colocarmos essas questões e pensarmos no que construímos e como podemos avançar”, destacou o procurador da República.

O ex-ministro da Defesa Aldo Rebelo enumerou os desafios para o próximo presidente: crescimento econômico, a diminuição da desigualdade e o fortalecimento da democracia. Rebelo considera que o Brasil vive um dos momentos mais difíceis da sua história e será necessário um esforço de reconstrução nacional: “Falta rumo e objetivo no país. Há uma desorientação geral. Precisamos voltar a ter objetivos nacionais permanentes, que figuram acima das convicções e proporcionam coesão nacional”, comentou.

Rebelo fez muitas críticas ao setor financeiro – que, para ele, é um dos grandes responsáveis pela falta de crescimento econômico no país. “Tem que investir em industrialização, ciência tecnologia e inovação. Aproveitar a nossa fronteira agrícola e mineral”.

Nomes que pesquisam ou tem larga experiência quando o assunto é o mercado de trabalho marcaram presença como palestrantes do evento. A primeira mesa do Pensar Brasil aprofundou o debate sobre o impacto social, econômico e ambiental da mineração. O painel teceu duras críticas à mineração, sem esquecer da importância do setor para a inovação tecnológica. Grandes desastres, como os que ocorreram em Brumadinho e em Mariana, em Minas Gerais, foram citados. “Do ponto de vista da segurança do trabalho, a mineração mata 10 vez mais do que qualquer outro setor no país”, corroborou Marta Freitas, coordenadora do Fórum Sindical e Popular de Saúde e Segurança do Trabalhador e Trabalhadora de Minas Gerais.

A reforma tributária foi o tema central da última mesa do evento. Nelson Machado, Décio Padilha e Sergio Paulo Gallindo abordaram os impactos da reforma para o brasil e para os brasileiros, e desdobramentos da tributação sobre a renda, o consumo e a folha de pagamentos.

Pré-estreia de Pureza
Para encerrar o primeiro dia de Pensar Brasil, a programação trouxe uma reflexão sobre a dura realidade do trabalho escravo. O público assistiu à pré-estreia exclusiva do filme “Pureza”, que narra a história de uma mulher na luta para resgatar o filho desaparecido na Amazônia, onde encontra um cenário de aliciamento e cárcere de trabalhadores rurais. A protagonista é a atriz Dira Paes.

O Pensar Brasil foi idealizado pelo Sindicato dos Servidores do Poder Judiciário e do MPU no DF (Sindjus-DF), pelo
Sindicato dos Servidores do Poder Legislativo Federal e do Tribunal de Contas da União (Sindilegis), pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Rio de Janeiro (Fecomércio-RJ) e pela Federação dos Comerciários do Estado de São Paulo (Fecomerciários-SP).

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