Hoje é o Dia Internacional do Deficiente Físico

Entre avanços e recuos, pessoas com limitações no DF lutam
pelo exercício pleno da cidadania e por mais qualidade de vida

Hoje é muito mais um dia para ser lembrado do que comemorado pelos 24,5 milhões de brasileiros com deficiências físicas que lutam por mais acessibilidade e pelo fim do preconceito. É tanto que a data, 3 de dezembro, instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU), em 1982, para se celebrar o Dia Internacional do Deficiente Físico pouca ou quase nenhuma visibilidade alcançou na mídia, salvo em sites especializados no tema.

Na verdade, o dia foi instituído para que a sociedade se mobilizasse para realizar ações que viessem a melhorar a qualidade de vida de pessoas que possuem algum tipo de diferença física ou de dificuldade de audição, visão ou locomoção. Mesmo que de forma ainda tímida, no entanto, é possível apontar avanços em termos de combate ao preconceito e à conscientização das pessoas em relação a essas diferenças.

É o que pensa o delegado sindical do Sindjus Sérgio Vieira da Silva, que trabalha no setor de informática do Fórum de Taguatinga do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios. “Apesar da certeza de que ainda existe muito preconceito, nós temos o que comemorar, sim. Até mesmo a partir de mudanças que ocorrem nas próprias pessoas com deficiência e também da sociedade”, afirma Sérgio.

Segundo ele, a sociedade passou a aceitar mais o deficiente. “Vemos que hoje o nosso cotidiano é outro; o nível de conscientização da sociedade e de aceitação, de saber que não somos nada além de diferentes, por sermos portadores de algum problema físico, é bem maior”, acrescenta. Mas o preconceito ainda existe, admite Sérgio Vieira, sobretudo dentro do próprio ambiente de trabalho e nas relações hierárquicas e de carreira.

Vieira lembra, por exemplo, que é comum um trabalhador ser preterido por ter um problema físico e outro colega, considerado “são”, mas com um nível de inteligência e experiência semelhante ou menor, ser privilegiado. “Isso ainda é bastante freqüente e levei o problema para CUT, este ano, para que providências sejam tomadas”. Para Sérgio, há muito ainda a fazer.

Ele cita como exemplo, a ser seguido por outros órgãos, um programa de inclusão do TJDFT, que além de prever adaptações físicas para cadeirantes, e para pessoas com outros tipos de limitações, preocupa-se em instituir ações para melhorar as relações humanas, acabar com o preconceito. “Costumo dizer que, se Deus nos tirou alguma coisa, também nos dotou de inteligência e sensibilidade; nos ensinou a sermos mais humanos. Muitas vezes, nós passamos a dar valor a pequenas coisas da vida, muito mais do que as pessoas que são chamadas de normais”, comenta Vieira.

Respeito e humanidade – Além de rampas de acesso, adaptações em ônibus, obrigatoriedade de leitura em braile em ambientes de trabalho e pontos turísticos; além da reserva de espaços em cinemas e outros ambientes de lazer, a sociedade precisa avançar no grau de respeito com a pessoa portadora de deficiência, sobretudo no trabalho, na sensibilidade para acabar com o preconceito, pensa o coordenador-geral do Sindjus, Roberto Policarpo.

“É uma questão de exercício de cidadania e de qualidade de vida. Por exemplo, para amenizar os problemas dessas pessoas, os locais públicos, sobretudo órgãos governamentais deveriam ter profissionais treinados para lidar com o portador de necessidades especiais; assim como nas escolas deveria trabalhar pessoas qualificadas para lidar com as necessidades especiais dos alunos”, acentua Policarpo.

Com relação a Brasília, diz Sérgio Vieira, tem muita coisa a ser discutida em relação a acessibilidade para deficientes visuais, auditivos e outros. Ele cita como exemplo os semáforos, calçadas danificadas e órgãos públicos que não seguem as normas de acessibilidade.

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