Estude o movimento negro brasileiro
As matrículas estão abertas para quem deseja aprofundar o assunto. Comunidade externa também pode participar
Mariana Cordeiro – Estagiária da UnB Agência
Na próxima semana, a Universidade de Brasília estará de portas abertas aos interessados em estudar a história do movimento negro no país. Temas como racismo, resistência negra, cultura e identidade, políticas de ações afirmativas e representação social serão abordados no curso Pensamento Negro Contemporâneo, promovido pelo Núcleo de Promoção da Igualdade Racial da UnB. As matrículas podem ser feitas até as 18h de 17 de agosto, dia do início das aulas.
A disciplina é gratuita e oferecida desde 2006 aos alunos de graduação como módulo livre, equivalente a quatro créditos, e como curso de extensão aos funcionários da UnB, docentes da rede particular e privada, universitários de outras instituições e estudantes do ensino médio. Os extensionistas recebem certificado ao término do curso. As aulas serão ministradas no Pavilhão Anísio Teixeira em quatro turmas, com 40 vagas cada.
“Apesar de os negros serem 80% da população, a história deles é pouco contada. Para entender a discriminação, é preciso saber o que aconteceu”, explica João Augusto Soares Martins. Músico e programador visual do Decanato de Extensão, ele se inscreveu no curso para ter aulas com Edson Lopes Cardoso, mestre em Comunicação Social pela UnB e editor do jornal especializado Ìhroin, de circulação nacional. “Estou ansioso para aprender com alguém que é referência no assunto”, diz João, animado.
EXPERIÊNCIAS – Edson Cardoso leciona no curso Pensamento Negro Contemporâneo desde o semestre passado e propõe uma revisão da abolição da escravatura até a atualidade. Autores como Lima Barreto, Guerreiro Ramos, Abdias Nascimento e Muniz Sodré constam na bibliografia. Os estudantes de Cardoso também acompanham a mídia e debatem filmes e documentos sobre os negros.
“A diversidade de matrículas possibilita discussões ricas. A aula não é propaganda do ativismo nem se direciona apenas aos negros e cotistas. Nós traçamos a sequência do pensamento histórico por meio de leituras”, afirma Cardoso. O professor voluntário acredita na ousadia e na reflexão proporcionada pela universidade. “É importante valorizar uma tradição que normalmente é desconhecida pela academia. Estudamos a cultura negra a partir da literatura, da sociologia e da política”, conta.
Além de fazer a disciplina pela segunda vez, Flávia Oliveira dos Santos, aluna da pós-graduação em Historiografia Africana e professora do ensino fundamental, incentivou dois amigos a estudarem com ela. “Se eu pudesse, levaria todo mundo para a aula, inclusive meu namorado”, brinca Flávia. Segundo ela, é importante conhecer as raízes do movimento negro e os seus principais ícones. “Meu objetivo é aprofundar o conhecimento sobre a raça, pois é o meu eixo de formação e identidade”, explica.
De acordo com Flávia, a maior dificuldade da aula Pensamento Negro Contemporâneo é a desistência. “É triste ver uma turma começar com 40 alunos e terminar com apenas 15. Os professores poderiam elaborar alguma estratégia para minimizar esse índice”, opina. Para Cardoso, isso acontece pelo fato de ser uma disciplina optativa, mas ele adianta que os alunos não terão moleza. “A aprovação só acontecerá se o aluno tiver seriedade. Será preciso estudar, ler e estar presente”, adianta.
SERVIÇO
As matrículas serão realizadas no Decanato de Extensão, no primeiro andar do Prédio da Reitoria. Mais informações pelo telefone (61) 3307 2610 ramal 24.
Michael Laiso Felix | Jornal Tribuna Afro Brasileira,
61. 8141 6843
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