Nota pública do Sindjus-DF em defesa dos serviços e servidores públicos e em repúdio à fala do ministro Paulo Guedes

Saqueadores são os que se locupletam, desviam e enriquecem ilícitamente com dinheiro público e não os servidores que são remunerados para bem servir ao público

O Sindjus-DF repudia a fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, que na última sexta-feira (15/05) comparou os servidores públicos a saqueadores.

Primeiro, parasitas. Agora, assaltantes. Até onde vai o desrespeito e a covardia do ministro que, ao contrário de defender o desenvolvimento e fortalecimento do país, ajoelha-se perante o mercado financeiro e assume publicamente sua subserviência como emissário e protetor dos bancos, e que insiste diariamente em achincalhar e agredir quem mais se dedica e trabalha pelo povo e pelo engrandecimento do país? Qual o motivo de tanto ódio para tentar colocar a conta das mazelas do país nas costas daqueles que estão contribuindo decisivamente para salvar vidas e manter o País em funcionamento – os servidores públicos?

Durante entrevista coletiva concedida no Palácio do Planalto, Guedes defendeu que, por causa da pandemia do novo coronavírus, “não é hora” de reajustes salariais para o funcionalismo. “Por favor, não assaltem o Brasil enquanto o Brasil está nocauteado. É inaceitável que tentem saquear o gigante que está no chão, que usem a desculpa para saquear o Brasil”.

A fala do ministro se dá em razão do Congresso Nacional ter excluído do congelamento salarial de 18 meses – imposto ao universo dos servidores públicos como contrapartida à ajuda federal aos estados e municípios – categorias que estão atuando diretamente no combate à pandemia do coronavírus, tais como médicos e policiais.

Seguindo orientação de seu ministro da Economia, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que vai vetar a possibilidade de reajustes no PLP 39/2020, no entanto, Guedes ainda parece insatisfeito com a destruição que já provocou até então no serviço público, e quer mais.

Em momento algum, desde que assumiu o ministério da Economia, o senhor Paulo Guedes reconheceu a importância do serviço público e dos servidores públicos para o desenvolvimento do País.

Continua com a visão torpe daqueles que pretendem tirar dos que trabalham para servir à população e fortalecer o Estado, e dos menos favorecidos e miseráveis para dar aos ricos, numa versão deturpada e às avessas do lendário Robin Hood, seja congelando os vencimentos de servidores públicos, bem como promovendo confiscos salariais e retirada de direitos, ou tentando criar novos impostos para taxar uma população sofrida que já não mais tem de onde tirar para pagar impostos.

Até o presente momento, Guedes não mostrou a que veio. A economia brasileira continua patinando, desacelerando. Enquanto confisca salários e impõe um congelamento inconstitucional aos servidores públicos, sorri para a ajuda de R$ 1,2 trilhão aos bancos. Por que o tão “brilhante” Guedes, aquele que segundo o presidente tem todas as respostas para a Economia, não consegue enxergar o investimento no serviço público como uma das saídas mais simples para o momento atual?

Ainda em sua fala, o ministro afirmou:

“Que história é essa de pedir aumento de salário para policial, para médico? Medalhas antes da batalha? As medalhas vêm depois da guerra, depois da luta. Nós vamos nos lembrar disso, vamos botar o quinquênio, o anuênio, o milênio, o eugênio. Tudo que for preciso. Mas não antes da batalha”.

O ministro debocha dos servidores que estão na linha de frente colocando suas vidas em risco pelas dos demais brasileiros, e demonstra que não tem conhecimento sobre a sua pasta, caso contrário, saberia que os salários dos servidores públicos estão defasados, que os reajustes são necessários para repor perdas inflacionárias do passado que já estão impactando negativamente o poder de compra e o orçamento familiar do servidores.

Os servidores públicos não trabalham em busca de prêmios ou medalhas, servidores públicos trabalham cumprindo o seu papel, com responsabilidade e comprometidos em exercer as atribuições que seus respectivos cargos exigem para bem atender a população. Não se trata de uma caça à recompensa, mas de fazer o melhor possível a cada dia.

Tão preocupado em achincalhar os serviços públicos, Paulo Guedes não deve ter visto o quanto os servidores têm sido elogiados e aplaudidos durante essa pandemia. Paulo Guedes ainda não percebeu que não adianta o governo continuar com essa campanha nefasta de massacre ao funcionalismo, pintando os servidores públicos como parasitas e saqueadores, pois a sociedade brasileira não acredita nisso. O povo está vendo, com seus próprios olhos, o quanto os servidores são importantes, necessários, o quanto dedicam suas vidas à população, o quanto trabalham em prol do nosso País.

Paulo Guedes tem enfatizado que os servidores públicos necessitam dar sua cota de sacrifício, mas qual a contribuição que o ministro-banqueiro está dando para o País? Ao contrário de ficar atacando os serviços públicos e a população menos favorecida, Guedes deveria voltar sua atenção para a taxação das grandes fortunas e sobre quem está lucrando com a dívida pública brasileira e com a miséria do povo.

Os servidores públicos merecem respeito, tratamento digno e valorização. E o Brasil merece um ministro da Economia que veja os servidores não como inimigos ou saqueadores, mas como grandes aliados do Brasil e da população brasileira.

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