Segundo dia do Pensar Brasil reúne ministro e presidenciáveis para discutir sugestões para o desenvolvimento do país

O evento ainda contou com a palestra do ex-técnico da seleção brasileira de voleibol, Bernardinho, que falou sobre empreendedorismo, resiliência e constância para se alcançar objetivos

Um dia para se refletir o país de forma aprofundada e com diversos atores. O segundo dia do Pensar BrasilDiálogo sobre trabalho, desenvolvimento e futuro -, que aconteceu no Museu do Amanhã, no Rio de Janeiro, entre os dias 12 e 13 de maio, reuniu ministros, pré-candidatos à presidência, palestrantes e especialistas para debate de temas essenciais para a nação.

Os debates do dia 13 de maio reuniram figuras importantes, com visões distintas sobre o país, mas que trouxeram contribuições imprescindíveis para o fortalecimento das discussões, como foi o caso do ex-técnico da seleção brasileira de voleibol, Bernardo Rocha de Rezende (conhecido como Bernardinho), e o ministro e ex-presidente do TCU, Augusto Nardes.

Em sua palestra, o treinador de vôlei Bernardinho, que falou sobre empreendedorismo e espírito de equipe, apontando algumas soluções para o sistema educacional brasileiro e para o crescimento emocional e intelectual dos cidadãos. O ex-técnico destacou que o Brasil precisa ensinar as crianças em áreas que não são exploradas atualmente, como empreendedorismo, e ainda pontuou que as escolas precisam parar de dar tanta relevância às falhas dos estudantes.

“Como resolver os problemas da minha sociedade?”, perguntou, em certo momento, Bernardinho, ao falar sobre uma das perguntas que o empreendedor deveria se fazer, mas que poderia se adequar aos demais debates. “É preciso coragem para enfrentar os riscos. E disciplina, resiliência e capacitação”, comentou, fazendo eco com os desafios enfrentados pelo país. “Enquanto não nos entendermos como time, que discute e diverge, mas tem um objetivo em comum, estaremos quebrados.”

Discorrendo sobre ações governamentais e melhoria da gestão pública, o ministro e ex-presidente do TCU Augusto Nardes contou que criou um projeto de governança que é pautado em confiança e segurança jurídica. “Não adianta eleger governador e prefeito se muitos não sabem bem o que fazer quando assumem o cargo. O resultado é o de 14 mil obras inacabadas”, enumerou. Para ele, o projeto “Governança Brasil” é uma proposta para o país, que vai além das questões partidárias. “Como entrar na OCDE se não tem governança? Se não tem governança não tem confiança. Não tem como”, disse o ministro.

O general Santos Cruz (Podemos), que também é pré-candidato à presidência da República, foi outro nome que figurou entre as palestras do último dia do Pensar Brasil. Ao falar sobre as eleições de 2022, o general citou a esperança que o brasileiro carrega quando deposita o voto na urna.

“Toda eleição tem que trazer esperança. Quando Collor foi eleito, bonitão, caçador de marajá, havia esperança. Depois, quando Lula foi eleito, eu era adido militar na Rússia e as pessoas vieram falar comigo, me parabenizando. Agora, foi Bolsonaro, também foi um sopro de esperança. Ele me ligou e eu aceitei participar do governo dele”, contou, deixando claro em seguida seus atuais desentendimentos com o presidente.

Reformas do Governo

O palco do Pensar Brasil também serviu para abrigar debates voltados para as reformas da Previdência e Administrativa. De acordo com a professora do Instituto de Economia da UFRJ Esther Dweck há um desmonte da atuação do Estado no Brasil, com uma agenda fiscal permanente, teto de gastos, reforma trabalhista, reforma da previdência e administrativa.

“Estamos na pior recuperação da História do Brasil”, afirmou, lembrando que tal agenda cria um círculo vicioso que impede o país de voltar a crescer. “O grande objetivo do Estado brasileiro deveria ser diminuir as desigualdades sociais brasileiras. Isso seria capaz de alavancar a economia nacional. Além do papel óbvio de Justiça social.”
O deputado federal (PSB) Israel Batista também lembrou da reforma administrativa que ataca diretamente o funcionalismo público. Ele comentou o papel decisivo das entidades e da frente Servir-Brasil, da qual faz parte, na defesa do serviço público e na resistência ao famigerado texto da PEC 32.

“A PEC atacava uma garantia da estabilidade do funcionalismo, garantido pela Constituição de 1988. Essa garantia ataca o patrimonialismo, que é ligado com o mandonismo e o familismo”, afirmou, lembrando que o funcionalismo é a favor de uma reforma que traga valorização dos servidores e melhorias na qualidade da prestação de serviços públicos, mas não da forma como foi feita.

Agronegócio e meio ambiente

Concretizando a ótica de realização de um evento que abordasse as diversas áreas de interesse da população brasileira e do desenvolvimento e futuro do Estado brasileiro, o Pensar Brasil ainda trouxe à tona um discussão importante sobre o Agronegócio e o meio ambiente. Para Cristhiane Oliveira Da Graça Amâncio, chefe geral do Agrobiologia da Embrapa, as mudanças climáticas já impactam hoje a estabilidade de certas culturas e na reprodução animal, com perdas significativas na produção. A pesquisadora falou de alguns desafios propostos pela Embrapa no tema, como integrar lavoura, pecuária e floresta, ou criar capacidade de resiliência e adaptação, além de outros projetos como a carne de carbono neutro ou baixo carbono. Há ainda diversas soluções biotecnológicas para aumentar a fixação de nitrogênio do ar nas raízes das plantas.

Ricardo Tortorella, diretor-executivo da Associação Nacional para Difusão de Adubos (ANDA), lembrou que 30% do custo da agricultura é fertilizante, e que dependemos de cerca de 85% de fertilizantes estrangeiros – principalmente de Rússia e Belarus. Com a guerra na região, a previsão é ter dificuldades para a importação.

CEO do Grupo Gaia, empresa que levou sete cooperativas do MST à bolsa de valores, misturando agricultura familiar e mercado financeiro, João Pacífico lembrou da importância desse tipo de atividade para alimentação da população brasileira. E como o Estado deveria agir para ajudar mais a incrementá-la, como faz com o agronegócio. “O capital público poderia atuar como investidor de impacto, aquele que aceita melhor o risco”, sugeriu.

O evento teve ainda participação do Presidente da Fecomerciários-SP Deputado Luiz Carlos Motta (PL/SP), do Presidente do PSB Carlos Siqueira, representando a aliança PT/PSB do pré-candidato a presidente da república Lula, do pré-candidato ao Senado do RJ pelo PSB, Alessandro Molon, do pré-candidato a governador do RJ pelo PSB, Marcelo Freixo, e do deputado Federal Altineu Côrtes ( RJ), Líder do PL na Câmara dos Deputados, partido do atual presidente e pré-candidato Bolsonaro.

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