Correio Braziliense: Parada gay, Luta sob as luzes do arco-íris


Homossexuais, bissexuais, travestis e lésbicas ocupam as ruas da capital federal e defendem inclusão e cidadania para os jovens

As cores do arco-íris, o maior símbolo do movimento gay, tomaram conta do Eixão Sul, na tarde de ontem. O público esperado pela organização do evento era de 30 mil pessoas. Mas, até o início da noite, segundo a Polícia Militar, a adesão à 12ª Parada do Orgulho de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Transgêneros (LGBTS) de Brasília (1)era de 12 mil participantes. Os manifestantes seguiram os quatro trios elétricos, enfeitados com 3 mil balões coloridos, ao som de música eletrônica e axé, da altura da 111 Sul até a Rodoviária do Plano Piloto. A previsão era de que o evento terminasse por volta das 20h. O clima era de tranquilidade, sem ocorrências de brigas ou de atendimentos pelo Corpo de Bombeiros.

O tema escolhido para esse ano foi “Jovens LGBTS: Inclusão e Cidadania”. A manifestação de ontem teve um percursso mais longo que o usual. Até 2008, a passeata começava na 109 Sul e terminava na Rodoviária. O público entre 16 e 30 anos predominou na Parada Gay. A intenção dos organizadores do evento era motivar os homosexuais mais novos a lutar contra o preconceito em ambientes como escolas, universidades e outros locais. Voluntários distribuíram preservativos e panfletos educativos.

Os carros de som não trouxeram apenas música para animar quem foi à festa. De cima dos trios, representantes de Organizações Não-Governamentais (ONG) fizeram discursos para reivindicar a criação do Conselho Distrital da Cidadania LGBT, que seria vinculado à Secretaria de Justiça e Cidadania do GDF. Temas como o reconhecimento do casamento gay e a criminalização da homofobia também estavam entre as causas defendidas. “Temos leis específicas para proteger os negros, por exemplo. Precisamos tornar uma realidade que quem ofenda um homossexual por causa da sua orientação sexual vá para a cadeia”, discursou o presidente da Associação Brasileira de LGBTS, Toni Reis.

As fantasias dos participantes coloriram o evento. Entre plumas e muito brilho, havia uma mulher-gato, um homem-fera e vários travestis, transformistas e transexuais. “Vim vestido de tigre para devorar qualquer tipo de preconceito”, justificou o ator Marcos Laiter, 24 anos. A drag queen Diana Prince buscou inspiração na mulher maravilha para se fantasiar. “A semelhança não está na roupa em si. Mas na força, no poder. Vim aqui porque quero respeito e aceitação”, diz.

Enilson Ferreira Bastos, 47 anos, servidor público, preparou uma roupa especial para a ocasião. Ele vestiu um adereço de penas coloridas nas costas, sunga branca e um letreiro colado em um chapéu onde estavam escritos nomes de empresas com processos na Justiça por discriminar funcionários homossexuais. “Isso é para dar visibilidade aos problemas do cotidiano de quem é gay. Coloquei o nome das empresas para incentivar um boicote aos produtos delas”, explicou Enilson. “Há quem critique a parada, porque acha que é só festa. Mas podemos reivindicar e nos divertir ao mesmo tempo”, acrescenta. O funcionário público Edson Buarque, 40 anos, morador da Asa Sul, levou o filho Enzo, 8 anos, para ver a festa. “Sou heterossexual e não tenho nenhum preconceito contra os homossexuais. Ele viu o movimento pela janela e quis descer. Quero que meu filho saiba respeitar as pessoas desde pequeno”, finaliza Edson.

1 – PESQUISA

A ONG Estruturação fez um estudo durante o evento para traçar o perfil de quem vai à Parada Gay. Os integrantes entrevistaram mais de 300 pessoas para saber se o público frequenta a passeata para mostrar a força política do movimento ou apenas para se divertir. O resultado será divulgado em agosto.

Eu acho…

“A Parada Gay é uma oportunidade de comemorar as conquistas do movimento, nas últimas décadas. Incentivar os jovens a lutar pelos direitos deles é muito importante. Quem é homossexual pode sofrer muito com isso no começo da vida adulta, por isso já deve aprender desde pequeno a se aceitar e defender”

Suelen Costa, 23 anos, servidora pública, moradora da Asa Sul

Fonte: Correio Braziliense

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