O TSE não é de Toffoli, assim como o Judiciário não é dos magistrados

Alguns magistrados pensam que o Brasil ainda é um império e abusam dos seus poderes de togados. Volta e meia, um juiz dá um ataque de estrelismo. O último papelão nesse sentido foi protagonizado pelo presidente do TSE, Dias Toffoli. O ministro deixou-se levar pela mosca azul que vira e mexe anda mordendo quem veste toga.

No dia 27 de agosto, Dias Toffoli declarou ao jornal Zero Hora, de Porto Alegre (RS): “Pessoalmente, gostaria muito que no Brasil não tivesse o direito de greve para o servidor público, mas está na Constituição. Acho um absurdo que o meu servidor no TSE faça uma greve e ainda venha reivindicar a remuneração, mas não posso ignorar o direito previsto na Constituição”.

Para o Sindjus, que luta incondicionalmente pelo direito de greve, a declaração do ministro é uma afronta ao direito dos servidores públicos. Tal declaração nem causa espanto, pois na última reunião com o sindicato Dias Toffoli prometeu se empenhar para garantir a recomposição salarial dos servidores e, no lugar disso, encaminhou a GRAEL ao Congresso Nacional tentando enfraquecer a greve dos servidores.

Além disso, ao se referir ao servidor do TSE como “MEU servidor”, Toffoli desrespeita os servidores daquele órgão, uma vez que ninguém está ali para servi-lo. Os servidores trabalham para a população, para o desenvolvimento do país, para a consolidação da democracia e da cidadania. Essa relação de submissão aos juízes, desembargadores, ministros deve ser combatida. Muitos servidores ainda afirmam que não fazem greve porque seu juiz não deixa. Somos servidores e não servos.

Os magistrados se apoderaram tanto da imagem do Judiciário, que muitos hoje ainda associam Justiça a juiz, esquecendo-se que a Justiça é feita por servidores do Judiciário e do MPU. Agora, o Tribunal Superior Eleitoral não pertence ao ministro Toffoli, assim como o Judiciário não é propriedade dos magistrados.

Como não dá para engolir o que foi dito, resta ao presidente do TSE se empenhar na luta pela aprovação do PL 7920 para limpar sua imagem não só junto daqueles servidores que vão continuar no Tribunal Superior Eleitoral depois que seu mandato de presidente for encerrado, mas junto a todos os servidores do Judiciário que esperam muito mais de alguém que ocupa um cargo como o dele.

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